sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Empreender Fora dos Ramos Tradicionais da Fisioterapia – Parte 8

É com muita tristeza que escrevo sobre essa oportunidade de atuação,para nós fisioterapeutas. Mas a realidade é dura, não dá para fugir.

Nesses últimos dias toda a imprensa tem destacado o avanço do uso do crack em todo o país e em todas as classes sociais, bem como as opções de tratamento para essa dependência.

Os efeitos do crack sobre os pulmões levam a uma drástica redução da capacidade pulmonar e segundo Edmar Santos, médico e integrante da Sociedade Brasileira de Cardiologia, o coração de um usuário da droga funciona como alguém que já teve um infarto, o coração recebe uma oxigenação menor, as fibras se atrofiam e o seu peso diminuiu o que significa que o usuário pode apresentar sintomas como insuficiência cardíaca, cansaço e inchaço nos membros periféricos”.

Um estudo realizado em camundongos pelo patologista e legista Alcides Gilberto Moraes na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) mostrou na autópsia dos ratos, o mesmo com que o médico legista se depara quando examina os órgãos de jovens vítimas do abuso das drogas. "Como sou legista, vejo muitos jovens com arteroscleroses coronarianas, como se fossem pessoas com mais de 60 anos.

Todos sabem que a rede pública de saúde não está pronta para absorver todos os dependentes que querem se livrar do vício, o que leva a muitas pessoas buscarem clínicas ou centros de reabilitação particulares em todo o país.

Entretanto pesquisando, pela internet, em vários clínicas e centros de reabilitação pelo país, apesar das várias seqüelas pulmonares e cardíacas que esse indivíduo tem, não há o acompanhamento do fisioterapeuta nessa reabilitação. O que nos mostra uma possibilidade de atuação e de realização de pesquisas científicas inéditas que pelo triste andar da carruagem será cada vez crescente.

Como ainda não há pesquisas especificas sobre o assunto, creio que o usuário de crack apresente comprometimento, tanto pulmonar quanto osteomioarticular, semelhante ao do portador de DPOC. Quanto à atrofia cardíaca também acredito que a reabilitação pode minimizar a diminuição da capacidade de bombeamento do coração.

Ou seja, talvez nós não possamos reverter o estrago, só pesquisas poderão mostrar isso, mais podemos melhorar a capacidade respiratória e cardiovascular, e com isso produzir efeitos positivos na reabilitação e na qualidade de vida desse individuo que busca uma chance de se libertar da droga.

Para empreender nessa área além de preparo técnico é preciso também criatividade para tornar o processo de reabilitação alegre e envolvente, principalmente se o paciente for muito jovem. Além do preparo psicológico obviamente.

Por isso se essa área lhe interessar prepare um projeto mostrando além da fundamentação cientifica dos efeitos da droga sobre o sistema pulmonar e cardiovascular, a necessidade do acompanhamento de um profissional especializado como nós e os benefícios que a Fisioterapia irá trazer a esse paciente e a equipe multidisciplinar da instituição, monte seu protocolo de avaliações e o protocolo base de tratamento, e vá à luta!

Um dos meus professores sempre dizia: quando chegar a uma instituição não peça emprego, ofereça resultados. Assim procure os centros e clínicas de reabilitação de drogados de sua cidade e mostre o diferencial que essa parceira pode trazer ressaltando inclusive os benefícios que a produção de pesquisas inéditas nessa área poderão trazer para imagem da instituição.

E quando as coisas se organizarem em sua vida profissional, ou mesmo se você já está bem colocado na profissão e está lendo esse artigo só por curiosidade, procure uma instituição que atenda esses pacientes gratuitamente ou o CAPS-AD, Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas, mais próximo de você e se ofereça como voluntário, porque como disse Santo Agostinho "Enquanto houver vontade de lutar haverá esperança de vencer" e essa luta também é nossa.

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